inteligencia

Uma teoria que explica os gênios judeus
Estudo diz que brilho intelectual de tantos judeus pode ser produto da seleção natural

por Ruth Costas
REVISTA VEJA

O conceito de que algum grupo étnico pode ser, na média, mais inteligente que outro não é apenas politicamente incorreto, mas também uma das raízes do racismo moderno. Por isso, tornou-se uma daquelas hipóteses postas sob quarentena depois da II Guerra. Assim, estudos científicos que sugerem o contrário causam grande controvérsia. No início do mês, um grupo de cientistas da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, surgiu com uma hipótese polêmica, baseada na teoria da seleção natural das espécies, para um fato cuja natureza intriga os estudiosos de diversas áreas: a grande contribuição dos judeus à ciência, à filosofia, às artes, às finanças. Enfim, a todas as atividades humanas em que a inteligência é fator decisivo para o sucesso. Embora representem menos de 0,5% da população mundial, os judeus receberam 20% de todos os prêmios Nobel. Testes realizados com asquenazes, como são conhecidos os judeus originários da Europa Central e Oriental, constataram que a porcentagem dos que tinham QI acima de 140 pontos era cinco vezes maior do que entre o restante da população européia.
A nova teoria buscou a explicação em outra peculiaridade asquenaze - a grande incidência entre eles de certas doenças genéticas, especialmente a síndrome de Tay-Sachs. A medicina atribui a propagação da enfermidade à endogamia. Os cientistas de Utah acham que não. "Esses genes persistiram porque tinham uma função", disse a VEJA o americano Gregory Cochran, que liderou a pesquisa. "Foram preservados por um mecanismo de seleção natural porque, em circunstâncias específicas, permitiam que os indivíduos portadores tivessem mais chances de conquistar melhores condições de vida e ter mais filhos." Os genes responsáveis por essas doenças são recessivos. Ou seja, é preciso herdar dois genes defeituosos para desenvolver os